Entre as diversas demandas e informações sobre fluxo e modelo de trabalho apontadas por associadas/os que participaram da pesquisa voluntária realizada pela Apadep no início de outubro, algumas se repetiram e convergiram em colocações enviadas no espaço dissertativo do questionário. A enquete tinha como principal objetivo apurar as condições de trabalho em relação à segurança sanitária de todas/os relacionada à pandemia, mas também abriu espaço para apontamentos diversos que interferem na realização do serviço público. Uma das colocações mais recorrentes refere-se às escalas, pautas duplas e audiências.
Associadas/os pontuam que o fato de haver triagem presencial e virtual concomitantemente aumenta o número de escalas das/os defensoras/es. Foi colocado que os fluxos de trabalho remoto e presencial não podem ser simultâneos e as agendas devem ser coordenadas para aproveitar as ferramentas criadas, mas ao mesmo tempo assegurar uma escala viável de trabalho. Não há equipe suficiente para realizar triagem de atendimentos presenciais e virtuais ao mesmo tempo de forma adequada.
Não são raras as situações em que o atendimento remoto acontece juntamente com atendimento presencial e de audiências, principalmente porque audiências de mediação e conciliação que demandam a presença de um defensor estão excessivamente mais demoradas no remoto, e deste modo mais defensoras/es são escaladas/os a cada dia.
Devido às escalas, cobertura de licenças e afastamentos, mesmo com o atendimento remoto, foi apontado que durante a pandemia, houve também sobrecarga emocional de defensoras/es que realizaram atendimento presencial e tiveram que se expor ao vírus com frequência, sendo que servidoras/es e estagiárias/os contraíram COVID.
Os riscos de exposição também foram apontados pela maioria das/os respondentes da pesquisa, especialmente em audiências. Os relatos são diversos, sempre reforçando a falta de ventilação natural, grande proximidade física entre as pessoas, uso inadequado de máscaras e até a recusa de uso por parte de juíza ou juiz, além muitos casos em que as pessoas tiram as máscaras para serem compreendidas. O Fórum criminal foi considerado insalubre por algumas pessoas e também foi apontado o atendimento de pessoas com diagnóstico positivo para COVID 19. O ambiente do CEJUSC é um galpão único com dezenas de audiências ao mesmo tempo, dividido por baias, e na área de espera acumulam-se dezenas de pessoas.
Considerando todo o cenário e a realidade diária de atendimento, uma solicitação recorrente de associadas/os que fizeram apontamentos no questionário refere-se à urgência de disponibilização de um celular funcional com o aplicativo WhatsApp. As dificuldades de assistidas/os no uso das ferramentas institucionais foi detalhada por alguns colegas, destacando-se que a maioria não sabe usar e-mail, muitas/os não sabem ler e escrever; o Rocket Chat é lento e consome o pacote de dados que a maioria nem possui; muitas pessoas não atendem ligações de números desconhecidos como os do Softphone, entre outros motivos.
Nesta semana, a Apadep disponibilizou a pesquisa para a Administração Superior e também membros do Conselho Superior. No entanto, para garantir a preservação da identidade das/os participantes, os comentários individuais foram suprimidos e arquivados em acordo com as normas da LGPD.