A Associação Paulista de Defensores Públicos (APADEP) participou, no último sábado, dia 8 de dezembro, do “II Encontro dos Amigos do MST que atuam no Sistema de Justiça”, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, no interior de São Paulo. A APADEP disponibilizou transporte do centro de São Paulo até o local, e compareceram diretores da Associação e alguns dos recém aprovados no último concurso da Defensoria Pública. O evento foi promovido pelo Setor de Direitos Humanos do Movimento Sem Terra, pela Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) e pela Associação dos Amigos da ENFF (AAENFF), com apoio da Associação Juízes para a Democracia, do Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais e da Rede Nacional de Advogados e Advogadas.
Após a chegada e um café da manhã, juízes, advogados, defensores públicos, políticos e militantes de movimentos sociais se reuniram na Sala Rosa Luxemburgo, onde foram recepcionados com música e uma cerimônia artística realizado pelos membros do MST. Todos se apresentaram e, por volta das 11h, João Pedro Stédile, da direção nacional do MST, inaugurou os debates fazendo uma análise de conjuntura sobre os rumos do país e dos movimentos sociais. Em resumo, discorreu sobre a associação do agronegócio ao capital financeiro no contexto de economia globalizada, sobre heterogeneidade da frente de apoio aos governos federais do PT e suas consequências antagônicas para o Brasil, que inviabilizam reformas estruturais, e os desafios dos movimentos sociais diante desse quadro.
Na sequência, falaram ao público presente Igor Fuser, em nome da Associação dos Amigos da ENFF, magistrados da Associação Juízes para a Democracia, representante da Associação Nacional de Defensores Públicos, o deputado federal Ivan Valente, membros de movimentos sociais, entre outros. Luciana Zaffalon, Ouvidora-Geral daDefensoria paulista e representando as Ouvidorias Externas do país, falou sobre o modelo democrático e inovador de funcionamento de algumas Ouvidorias do país que abre espaço para o diálogo entre a população e as instituições públicas.
Gilmar Mauro, da direção nacional do MST, encerrou os debates realçando a importância de aplicar no presente os valores e ideias que projetamos para um futuro melhor: “às vezes, imaginamos que um mundo melhor virá num tempo muito distante, e achamos que, hoje, só resta a luta. Mas a agricultura nos ensina que, para colher abacate, precisamos plantar abacateiro. O contexto atual de desigualdades muitas vezes nos embrutece, mas, por vezes, os próprios movimentos de esquerda se tornam embrutecedores. Para chegarmos a uma sociedade mais justa e fraterna no futuro, precisamos plantar sua semente já. Se que queremos um mundo mais solidário no futuro, precisamos ser solidários hoje”.
No encerramento, ao som de músicas de esperança, houve a entrega de livros e alimentos orgânicos plantados nos assentamentos do MST e um almoço de confraternização, simbologia que concretizou as palavras de Gilmar. Para o recém aprovado no V Concurso da Defensoria, que deve ser empossado em 2013, Rafael Negreiros, “o encontro com o MST representou uma busca de inspiração para o defensor que busco em mim, alguém combativo e afinado com as lutas e movimentos populares. É com este tipo de Defensoria popular, presente nas ruas, que quero me comprometer”.
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