Completou duas semanas de vida o bebê da cidade de Marília que precisou, para nascer em segurança, da assistência jurídica da Defensoria Pública. Diagnosticado com uma cardiopatia congênita complexa, o parto de Gabriel Jesus Pires da Silva foi realizado em um dos centros de referências na área, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo após uma liminar obtida pela Defensora Pública Andrea Silva Lima.
Segundo a Defensora Pública, a mãe do bebê procurou o órgão no fim de maio, quando já estava na 36ª semana de gestação. “Ela vinha sendo acompanhada por médicos do SUS, que verificaram o problema no feto. Assim que ele nascesse, seria preciso encaminhamento para uma UTI neonatal para viabilizar uma delicada cirurgia”, diz.
O problema surgiu no fato da região não contar com nenhuma unidade de saúde pública ou privada capacitada para operá-lo. O custo da cirurgia era estimado em cerca de 100mil reais, impossíveis de serem pagos pela família e, além disso, a criança poderia nascer a qualquer momento. “A DRS (Departamento Regional de Saúde) estava demorando muito para se manifestar a respeito do caso para averiguar vaga e, sendo assim, pedimos uma liminar para a Vara da Fazenda Pública, que determinou a imediata internação, para parto e a cirurgia, sem custos para a paciente”, relata Andrea.
A decisão determinava que qualquer uma das três instituições especializadas do Estado de São Paulo atendesse o paciente, mas todas demoraram a responder ao pedido. Articulações da Defensoria Pública com o departamento jurídico do HC, porém, garantiram a realização dos procedimentos dois dias depois. “Foi um sucesso. Contudo, no futuro, o menino ainda deve passar por outros dois procedimentos cirúrgicos”, relata.
A mãe do recém-nascido, Rosangela Ticianelli Pires Silva, 33 anos, trabalha como caixa em uma lotérica de Marília. Ela celebrou o resultado da operação, mas diz ter ciência que a situação ainda é delicada. “Dentro de dois ou três meses haverá a próxima cirurgia, que será decisiva, mas tenho fé que tudo dará certo e meu filho poderá ter uma vida quase normal, apenas com limitações em relação à prática de alguns esportes, mas isso não é nada”, diz Rosângela. Até lá, o garoto segue internada no InCor (Instituto do Coração), também na Capital.
O pai, o vendedor Nelson Carlos da Silva, 42 anos, conta que os médicos vêm elogiando a evolução no quadro de Gabriel. Ele explica que seu filho nasceu sem uma parte do coração, o ventrículo esquerdo. O casal conta que o nome da criança não é por acaso: uma menção ao arcanjo Gabriel e a Jesus Cristo.
Fonte: Diário de Marília