APADEP ASSINA CARTA COM MAIS 58 ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL EM PREPARAÇÃO PARA A CONSEG

Leia a carta de 58 entidades da sociedade civil (APADEP inclusa) em preparação para a Conferência Nacional de Segurança Pública, que tem início amanhã (quinta-feira), em Brasília:

 

POR UMA SEGURANÇA PÚBLICA PAUTADA NOS DIREITOS HUMANOS 

Este ano ocorre pela primeira vez uma Conferência Nacional de Segurança Pública, a 1ª Conseg. Sociedade civil, trabalhadores e gestores da área têm se envolvido com os debates e sugestões de propostas para traçar os princípios e as diretrizes de uma política nacional de segurança pública.

O interesse da sociedade civil em relação ao tema segurança pública é evidente.  O assunto é pauta constante das Conferências de Direitos Humanos e vem sendo tratado como um direito social garantido constitucionalmente a ser efetivado, merecendo ser este também o princípio que norteia a realização de uma conferência específica sobre o tema da segurança pública.

É nesse sentido que instituições e organizações da sociedade civil que assinam este documento querem reafirmar seu compromisso de defender, na 1ª Conseg, a efetivação de uma política de segurança pública pautada no respeito e promoção dos direitos humanos, de forma plena e universal.

Assim, defendemos que as políticas públicas que venham a ser construídas a partir da Conseg afirmem e colaborem com a prevenção da violência e não apenas com estratégias repressivas.

É preciso também que a política de segurança seja entendida como a efetivação de um direito e possa ser realizada como política pública de Estado, garantindo a participação da sociedade civil em sua concepção, formulação, gestão, fiscalização e controle.

Outro ponto primordial é que a política de segurança pública seja incentivadora da resolução pacífica de conflitos, se paute pela resposta policial não violenta e promova a construção de uma cultura de paz. Incentivar, fortalecer e ampliar as campanhas de desarmamento, por exemplo, é essencial nesse sentido.

Compartilha-se a visão de que a segurança pública deve ser entendida além das políticas repressivas e da estruturação das forças policiais. Para tanto, faz-se necessário modificar estruturas institucionais não condizentes com o Estado Democrático de Direito, aprimorando o artigo 144 da Constituição Federal, a fim de que as organizações policiais tenham como premissa fundamental a defesa do cidadão e não somente a defesa do Estado.

Garantir o direito à segurança deve fazer parte também do repertório de políticas públicas de outras áreas, sendo primordial que o compromisso de efetivação dos princípios e diretrizes aprovados na Conseg seja partilhado pelo governo como um todo em todos os níveis federativos.

Além disso, é fundamental que haja melhoria das condições de trabalho e a valorização profissional de trabalhadores da área de segurança. Isso não significa, no entanto, a ampliação do poder de polícia, ou a alteração do artigo 144 da Constituição Federal para a inclusão de novas forças policiais. É preciso, ao contrário, que se regulamente e padronize, por meio de normas infraconstitucionais, a atuação profissional dos demais agentes encarregados da segurança pública, além das polícias, e que se tenha especial atenção com a regulamentação da segurança privada, sempre partindo da premissa de que o poder de polícia deve ser exercido exclusivamente pelo Estado em benefício do bem-estar de todos(as) cidadãos(ãs).

Uma política de segurança pública pautada nos direitos humanos não pode pressupor a supressão ou restrição de direitos, especialmente da juventude, parcela da população que é a maior vítima da violência no país e que não pode ser mais uma vez vitimizada com políticas de toque de recolher ou redução da idade penal.

A Conseg propõe o novo paradigma da segurança pública. É essencial que esta nova segurança seja fomentadora dos direitos humanos e seja construída conjuntamente entre sociedade civil, trabalhadores e gestores da área.

As organizações e instituições da sociedade civil que subscrevem este documento estão fazendo parte desta construção desde o início, em todos os âmbitos, e assumem o compromisso de defender, na Conseg, princípios e diretrizes fomentadores de uma segurança pública pautada nos direitos humanos.

 

  1.  Ação dos Cristãos para Abolição da Tortura – ACAT – Brasil
  2.  Associação de Juízes para a Democracia
  3.  Associação Nacional de Direitos Humanos – Pesquisa e Pós-Graduação – ANDHEP
  4.  Associação Paulista de Defensores Públicos – APADEP
  5.  Cedeca “Monica Paião Trevisan” – SP
  6.  Cedeca Interlagos – SP
  7.  Central dos Movimentos Populares
  8.  Central Única das Favelas de Nova Friburgo – CUFA RJ
  9.  Centro de Direitos Humanos de Sapopemba – CDHS – SP
  10.  Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social – CENDHEC-PE
  11.  Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
  12.  Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo – SP
  13.  CICLOSAN – Baixada Santista
  14.  Comissão Teotônio Vilela
  15.  Conectas Direitos Humanos
  16.  Conseg Nova Friburgo – RJ
  17.  Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo – CLASP
  18.  Conselho Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro
  19.  Conselho Estadual de Direitos Humanos do Estado de São Paulo – CONDEPE
  20.  Conselho Regional de Psicologia de São Paulo – CRP-SP
  21.  Construindo Gênero  – Baixada Santista
  22.  Coordenação Nacional de Entidades Negras – Conen
  23.  FASE – Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional
  24.  Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos – FENDH
  25.  Fórum de ex-presos e perseguidos políticos de São Paulo
  26.  Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos – FidDH
  27.  Fórum em Defesa da Vida
  28.  Grupo de Articulação de Moradia do Idoso – Garmic – Sudeste
  29.  Grupo de Estudos e Trabalho – Mulheres Encarceradas
  30.  Grupo Tortura Nunca Mais
  31.  Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – IBCCrim
  32.  Instituto Daniel Comboni
  33.  Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
  34.  Instituto Girasol do Brasil
  35.  Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito – Ilanud/Brasil
  36.  Instituto Paulo Freire
  37.  Instituto São Paulo de Cidadania e Política – ISPCP
  38.  Instituto Sou da Paz – SP
  39.  Instituto Terra, Trabalho e Cidadania – ITTC
  40.  Movimento Nacional de Direitos Humanos
  41.  Movimento Nacional de Direitos Humanos – Regional SP
  42.  Movimento Nacional de População de Rua
  43.  Núcleo MNDH da Baixada Santista “Irmã Maria Dolores”
  44.  Núcleo de Estudos de Cidadania e Direitos Humanos – NECIDH
  45.  Núcleo de Estudos da Violência da USP – NEV-USP
  46.  Núcleo de Preservação da Memória Política
  47.  Organização Auxílio Fraterno – OAF
  48.  Organização de Direitos Humanos Projeto Legal – RJ
  49.  Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo
  50.  Paróquia São José – Região Episcopal Brasilândia
  51.  Pastoral Carcerária da Macro Região Nordeste
  52.  Prefeitura de Embu das Artes – SP
  53.  Rede Rua de Comunicação
  54.  Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM
  55.  Sindicato dos Comerciários – SP
  56.  Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo
  57.  Sociedade Santos Mártires – SP
  58.  União Geral dos Trabalhadores

Clique aqui para ver a programação da CONSEG.

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