A construção da identificação racial da pessoa negra no Brasil se iniciou com a escravatura, mas não findou com a abolição, que, conquanto tenha sido uma conquista histórica importante, ignorou, de forma deliberada, as necessidades de inserção das negras e negros como pessoas livres na sociedade, expondo-os a novas formas de exploração, subjugação, controle e humilhação.
Após árdua mobilização do movimento negro, a Lei n.º 12.519/11 instituiu o dia 20 de novembro como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, marcando a memória da data em que o líder quilombola foi assassinado e buscando trazer à sociedade reflexão mais do que urgente sobre a situação das mulheres e homens negros no Brasil.
Ao longo do tempo, as teorias de miscigenação e democracia racial evitaram a necessidade do segregacionismo como regime oficial mas reservaram às negras e negros, de forma exclusiva e inequívoca, a ocupação de espaços de subalternidade e deferência, garantindo às pessoas brancas acesso às instâncias sociais e econômicas superiores.
O dia 20 de novembro, portanto, não é uma data de comemoração, mas de repactuação do necessário compromisso social brasileiro com a luta antirracista, representada pelo esforço cotidiano de refundação da consciência racial em nosso país, superando as formas mais veladas de discriminação e as meras platitudes dos discursos de negação da desigualdade entre pessoas brancas e negras ou de mensagens em redes sociais vazias e desprovidas de reflexos práticos.
A Diretoria da APADEP entende que reconhecer a urgência da pauta racial é reconhecer a urgência do combate a todas as formas de opressão naturalizadas por um sistema que se alimenta da lógica oposicional da estratificação como forma de legitimar arranjos sociais excludentes que o sustentem.
Nesse sentido, em âmbito associativo, a entidade apoia a Campanha Anual de 2021 da ANADEP que terá como tema a igualdade racial e a luta antirracista, que é uma luta de todas e todos.
