Longas e exaustivas jornadas de trabalho, infraestrutura e recursos insuficientes e, em muitos casos, a descrença da população no serviço público. Com 10 anos de existência, a carreira de Defensor Público ainda enfrenta dificuldades. Mas, para as três Defensoras Públicas entrevistadas pela APADEP em Revista, não há dúvidas em relação à escolha. A satisfação profissional supera todos os obstáculos.
Lilian Rodrigues Mano, formada em Direito pela Universidade Mackenzie, passou a integrar os quadros da Defensoria Pública em 2011. Lilian já havia atuado em um cargo técnico do INSS. “Existia muita proximidade com o público nesse trabalho. E, entre os atendidos, muitas pessoas enfrentando dificuldades”, relembra Lilian.
Após ser admitida na carreira, Lilian passou a atuar, primeiramente, na área de Família. Mas logo optou pela remoção para a Unidade de São Miguel Paulista, onde integrou o time de Defensores que cuidam de Infância. Na unidade, 16 Defensores Públicos se dividem entre as áreas de Violência Doméstica, Infância e Família e Cível. Para dar conta da alta demanda da região, com fluxo diário de 200 pessoas, em média, o time é reforçado com estagiários de direito e dois oficiais de atendimento.
“Em nossa área, encontramos questões socioeconômicas e de saúde que demandam muitas vezes o suporte do Centro de Atendimento Multidisciplinar (CAM), com apoio de uma psicóloga e uma assistente social”, diz ela. Na área de Infância, os atendimentos são, em sua maioria, casos de acolhimento institucional e destituição de poder de família. “São situações em que as crianças enfrentam um alto grau de vulnerabilidade. ”
A carga diária de trabalho pesada e as frustrações que surgem no caminho não são suficientes para reduzir a satisfação de Lilian com sua escolha profissional. “Muitas pessoas que atendemos enfrentam sérias dificuldades e encontram na Defensoria o seu primeiro amparo”, explica. “É muito gratificante quando alcançamos resultados positivos”, diz.
Com trajetória semelhante, Ariane Carolino de Pádua Paschoal, também formada pelo Mackenzie, passou a atuar como Defensora Pública em setembro de 2009, reforçando os quadros da Unidade do Brás. Especializada em Infância e Juventude na área infracional, em 2013, optou pela remoção para Ribeirão Preto (SP), onde atua na área Criminal. “Eu sempre encontrei uma grande realização pessoal trabalhando em defesa da liberdade de um indivíduo”, disse ela.
Embora seja uma cidade do interior, Ribeirão Preto tem um nível de demanda próximo ao da capital paulista, sem dispor da mesma infraestrutura. Mas o trabalho árduo é compensado pela satisfação pessoal. “É muito gratificante quando consigo dar uma notícia boa para os familiares do atendido: a absolvição ou o abrandamento da pena”, diz.
“A Defensoria Pública foi a única carreira que almejei”, diz Fernanda Hueso, Defensora Pública desde 2007. “Quando optei por deixar um estágio em escritório privado, eu queria, além de ter prazer no trabalho, fazer algo bom para as pessoas”, diz. Quando estreou na profissão, encantou-se pelos colegas. “Encontrei pessoas corajosas, que se esmeravam em cumprir as suas obrigações mesmo com um salário muito defasado na época”, recorda-se.
A qualidade da defesa que seus colegas ofereciam aos usuários da Defensoria Pública a surpreendeu. “As pessoas chegam aqui desconfiadas. Mas se surpreendem positivamente com o atendimento que damos a eles”, relata Fernanda, que atua na área Criminal da Barra Funda.