“Tentamos combater o fogo, mas o bombeiro não deixou”, diz morador da favela Esmaga Sapo

Crédito: Rodrigo Zaim/ R.U.A Coletivo

Por Paulo Eduardo Dias, em Infodiretas. Crédito da Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Coletivo

O cheiro forte de um dos braços do Córrego Aricanduva é forte, e contrasta com o odor de fumaça que ainda exala na Rua Aracati, na Penha, Zona Leste, onde no último dia 2, um grande incêndio devastou a área em que havia cerca de 500 barracos, na favela da Fazendinha, ou como a maioria chama, Esmaga Sapo. O nome Esmaga Sapo vem por estar localizada numa espécie de brejo, onde ao redor há uma área de mata e o leito do córrego.

O fogo consumiu tudo rapidamente, de acordo com o líder comunitário Ronaldo José da Silva, as chamas começaram em um barraco localizado bem ao centro da área ocupada. “Em pouco tempo, tudo já estava acabado. Tentamos combater o fogo, mas o bombeiro não deixou”, conta resignado. Aliás, recai sobre o Corpo de Bombeiros uma das principais reclamações. Os moradores em conjunto contam que, um primeiro carro chegou pouco depois do início do incêndio, por volta das 15h40, mas estava sem água. Outros depoimentos dizem que mangueiras estavam furadas, a água era pouca e que por diversas vezes foi desligada. No dia do incêndio, a própria corporação alegou diversas dificuldades em combater o incêndio, principalmente as vias de acesso, já que a comunidade fica bem abaixo do viaduto Engenheiro Alberto Badra, na junção entre a Radial Leste e a Marginal Tietê. Para debelar as chamas, foram 23 viaturas e 67 homens, porém, desta vez o fogo venceu os bombeiros, que não puderam fazer.

Crédito: Rodrigo Zaim/ R.U.A Coletivo

Brito, de 54 anos, é artista de rua, conta que, já participou de programas de auditório, no SBT e na Record. “Já fui várias vezes no Programa do Ratinho. No dia do incêndio, estava trabalhando quando fui avisado, corri, mas não consegui salvar nada, ainda queimei minha mão. Com um dos quadros que desenha, aliás, muito bem, em uma das mãos, ele mostra a outra machucada. “Estou morando na casa de uma prima em Cangaíba (bairro a cerca de 1 quilômetro dali), perdi fogão, TV, minhas tintas e spray que tinha comprado um dia antes para pintar, cama e roupa. Brito, morava no local há cinco anos. Tenho forças para começar de novo, só preciso de madeirite e umas telhas. Tijolo é muito caro”, finaliza.

Do outro lado, sob o viaduto, alheio à situação, dois irmãos brincam. Eles estão sujos da cinza, e pulam um sobre o outro no fino colchão resgatado rapidamente do incêndio. A avô Sônia Barbosa, de 53 anos, disse que os meninos Kaike Gabriel, 4, e Caio Gabriel, 2, vão para o Ceará no final da semana. “Vocês vão viajar né, conta para ele (repórter). Não tem condições de eles ficarem aqui”. Dois irmãos machucados no incêndio, ainda estão internados no Hospital do Tatuapé. Até a publicação da matéria, a reportagem não tinha conseguido informações sobre o estado de saúde deles, que têm 4 e 3 anos.

Para que possam ser atendidos em sua reivindicação, uma comissão de moradores procurou na manhã da última quarta-feira, 10, a Defensoria Pública. Um dia antes à visita da equipe de reportagem, representantes da prefeitura haviam prometido comparecer até o terreno para prestar acompanhamento aos cerca de mil desabrigados, que estão há uma semana morando no entorno do córrego e sob o viaduto. Até a saída da reportagem do Infodiretas, às 16h30, nenhum técnico havia comparecido ao terreno.

Foi o segundo incêndio em menos de dois anos na comunidade. Em 2012, foram 320 barracos queimados. No incêndio da última quarta-feira, foram destruídos cerca de 600 barracos, que pela conta do líder comunitário, atingiram por volta de mil pessoas. O terreno, que fica nos baixos do Viaduto Engenheiro Alberto Badra, no entrocamento da Marginal Tietê com a Radial Leste, está ocupado há cinco anos.

Crédito: Paulo Eduardo Dias/ Infodiretas

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